Na verdade, existem várias linhas de abordagem quando se fala em processo psicoterapêutico. Mas de forma geral a psicoterapia é um trabalho exercido por psicólogos, com no mínimo 5 anos de formação acadêmica, mais especializações ou cursos de formação e tem como objetivo principal trabalhar o autoconhecimento, promover a elaboração de conflitos internos (inconscientes ou não) e ajudar o paciente a compreender os fatores que influenciam seus comportamentos, pensamentos e emoções.

Ao contrário do que muita gente pensa, a psicoterapia não se enquadra dentro de um contexto “médico/paciente”, onde existe um ou poucos encontros, a prescrição de um tratamento e um fechamento com a cura de uma doença física. O processo psicoterapêutico é longo e não foca apenas em eliminar sintomas, mas em modificar estruturas internas que sustentam conflitos psíquicos, em auxiliar o indivíduo a compreender e modificar padrões disfuncionais, lidar com traumas, fortalecer habilidades emocionais e encontrar novos significados para suas experiências.

No início do processo, psicólogo/a e paciente estabelecem um vínculo terapêutico, essencial para criar um espaço seguro e de confiança. As sessões precisam ocorrer regularmente, num ambiente bem pensado e apropriado para tal e com certo rigor no comprometimento de ambos com relação horário e frequência. Inicialmente os encontros se dão no mínimo uma vez por semana, mas podem ser flexibilizados conforme o andamento da psicoterapia. Essas questões devem ser bem pontuadas e estruturadas com o paciente que pode ter certa dificuldade em entender os motivos desse rigor e na consciência do seu compromisso para que realmente haja uma relação construtiva em que se promova mudanças reais.

Dentro desse contexto é muito importante frisar para os pacientes que o sucesso do tratamento psicoterápico depende muito do quanto eles conseguirão se doar e confiar no processo e no profissional. Na psicoterapia, a busca pelo autoconhecimento, o lapidar a si mesmo e se perceber como alguém mais autônomo, mais consciente e mais feliz, não é algo que se constrói a curto prazo. Por isso, além da doação de si mesmo, da possibilidade de compartilhar verdadeiramente seus pensamentos, traumas, sonhos e experiências, sem restrições, o paciente precisa entender que é um investimento a longo prazo, não só financeiro (dependendo o caso), mas sobretudo de energia e vontade.

Para tanto, inicialmente, é realizada uma avaliação para identificar as queixas principais do paciente, suas demandas e esclarecer dúvidas quanto ao processo e as abordagens que o profissional utiliza na condução do seu trabalho. Durante o processo, o terapeuta pode utilizar abordagens teóricas específicas, como a psicanálise, terapia cognitivo-comportamental (TCC), terapia humanista ou sistêmica, dependendo da demanda do cliente e da formação do profissional. O que é fundamental em qualquer psicoterapia, independentemente da abordagem do profissional, é a escuta ativa, a empatia e o não julgamento, só assim é possível criar um ambiente seguro, de confiança e que de resultado.

Um aspecto importante a salientar no que diz respeito ao processo terapêutico, é que o profissional não tenha vínculos familiares, de amizade ou amorosos com o seu paciente. Faz parte, inclusive da ética profissional do psicólogo/a, que não haja influências externas pré-existentes sobre a vida do paciente e vice-versa. A construção desse vínculo deve ser escrita a partir de uma página em branco, qualidade essa fundamental para alicerçar um elo livre de pré-julgamentos.

Muitas pessoas só procuram um profissional da área da psicologia quando existe um sintoma ou um transtorno específico que normalmente já está afetando sua vida de maneira importante. Embora nesses momentos seja fundamental contar com o auxílio de uma psicoterapia, não há necessidade de ter algo pontual, uma queixa específica ou uma patologia instalada. Hoje em dia está cada vez mais comum procurar esse auxílio na busca por mais qualidade de vida, para entender melhor a sua história e como essa influencia nas suas decisões e condutas, para ter relações mais saudáveis, equilibradas e consequentemente para que se tenha uma consciência muito mais ampliada sobre si mesmo e sobre a vida como um todo.

Portanto, com o tempo, o paciente ganha maior compreensão sobre si mesmo e desenvolve novos modos de lidar com seus conflitos internos e relacionamentos. Reitera-se que sucesso da psicoterapia depende da colaboração ativa entre paciente e psicólogo/a e da disposição para enfrentar aspectos dolorosos da psique. Embora o processo possa ser longo e desafiador, seus benefícios incluem uma transformação profunda e duradoura, promovendo mais autonomia emocional e uma vida psíquica mais integrada.