GERAL
A influência do comportamento disfuncional dos pais na saúde emocional dos filhos
   
É essencial que os pais reconheçam o impacto que suas brigas têm na vida dos filhos

Por Cristiane Grumann Serafini, psicóloga
21/06/2024 08h00

Brigas, discussões constantes, instabilidade emocional e falta de habilidades na resolução de problemas por parte dos pais, exercem uma influência profunda, duradoura e com múltiplas facetas na vida dos filhos. Quando as crianças testemunham conflitos frequentes entre seus pais, seja de ordem verbal, emocional ou física, acabam por internalizar o ambiente familiar como inseguro e ansiogênico. A sensação frequente de instabilidade emocional pode afetar de maneira significativa o desenvolvimento psicológico das crianças e moldar suas vidas e suas percepções quanto a relacionamentos e conflitos.

Quando os pais têm uma dinâmica de funcionamento mais conflituosa e com brigas frequentes, isso pode gerar estresse crônico nas crianças, que ainda com um psiquismo em desenvolvimento e com um cérebro bastante imaturo, não conseguem lidar com as emoções intensas advindas dessa exposição tóxica, o que acarreta problemas de saúde físicos e emocionais, como por exemplo: dores de cabeça, distúrbios do sono, baixa autoestima, até transtornos depressivos e de ansiedade. Além disso, os filhos podem sentir-se responsáveis pelos conflitos do casal, até culpar-se por eles, tentar resolvê-los e assumir uma responsabilidade e um peso que jamais deveriam carregar.

Soma-se a isso, o fato de que quando a criança é exposta a um ambiente hostil e conflituoso, isso pode levá-la a ter dificuldades acadêmicas, de concentração e também problemas com relação a suas habilidades sociais. Poder contar com um ambiente estruturalmente favorável e saudável, contribui muito para que essa criança também estruture sua personalidade em cima de valores éticos, morais e afetivos que a protejam e a deixem segura, confiante, com relações interpessoais saudáveis e longe dos perigos que a sociedade normalmente oferece. Do contrário, existe o risco e uma grande tendência de que os padrões distorcidos observados em casa venham a se repetir o promovam um grande prejuízo na vida dessa criança e no seu futuro enquanto adulto.

A falta de modelos saudáveis na resolução de conflitos, pode ensinar as crianças estratégias inadequadas e prejudiciais para lidar com as dificuldades de maneira geral e mais especificamente a lidar com problemas de relacionamento interpessoal. É comum que se repliquem ciclos de comportamentos disfuncionais, e que haja uma distorção na interpretação da realidade em si, onde o olhar da criança é direcionado para o mundo de acordo como vivenciou seus afetos. Nesse caso, infelizmente, com insegurança, desconfiança, reatividade e normalmente agressividade também.

É essencial que os pais reconheçam o impacto que suas brigas têm na vida dos filhos e busquem maneiras construtivas de resolver seus conflitos. Muitas vezes, imersos nos problemas do seu dia a dia ou com uma visão distorcida da própria realidade que vivem, banalizam a violência, repetem comportamentos destrutivos das suas famílias de origem e não conseguem sair de um círculo vicioso que gera muito sofrimento. Em algumas circunstâncias é preciso reconhecer a necessidade de ajuda ou aconselhamento profissional. O mais importante é buscar oferecer sempre um ambiente seguro e saudável para os filhos para que esses se sintam amados e protegidos. O comportamento funcional do casal vai incidir diretamente no desenvolvimento pleno e saudável dos filhos, sem os pesos emocionais de brigas e agressões.


   

  

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