GERAL
Por que sentimos ciúme? O ciúme pode se tornar uma doença?
   
Ele vem como um sentimento de resposta a uma sensação de perda

Por Cristiane Grumann, psicóloga
16/08/2024 08h29

Sabe-se que os Seres Humanos são um emaranhado de sentimentos construídos a partir de todas experiências vivenciadas durante a vida. Essas experiências vão dando suporte emocional para que, com o passar do tempo, se esteja cada vez mais preparado para entrar nos relacionamentos de forma madura, segura e alicerçado pela confiança. Contudo, nem sempre se pode contar com experiências emocionais positivas, ou seja, em muitos casos, as relações estabelecidas durante a vida não irão colaborar de forma efetiva para que se possa desenvolver confiança em si e consequentemente nos outros.

O ciúme pode ser entendido como uma reação emocional comum, principalmente num cérebro ainda em desenvolvimento. Ele vem como um sentimento de resposta a uma sensação de perda, de algo ou alguém em que se acredita ter posse. Porém junto ao desenvolvimento cerebral, com o amadurecimento, há também o entendimento e o aprendizado no sentido de saber separar o que se cria a nível de fantasia e o que a vida apresenta como de fato realidade.

Já o ciúme patológico, por sua vez, é uma condição psicológica caracterizada por um sentimento extremo e irracional de posse sobre outra pessoa, geralmente um parceiro romântico. Não existe essa diferenciação do que de fato é real e daquilo que a mente está criando a nível de fantasia. Normalmente é marcado por pensamentos obsessivos, comportamentos controladores e uma constante necessidade de verificar a fidelidade do outro. Essa condição pode gerar grande sofrimento tanto para quem a experimenta quanto para quem é alvo desse sentimento, o que acaba por gerar conflitos constantes, isolamento social e até mesmo chegar a violências verbais e físicas.

O individuo com ciúme patológico tende a distorcer a realidade e interpretar situações comuns como sinais de infidelidade. Essa desconfiança constante não é baseada em evidências concretas, mas em medos irracionais de traição e abandono. Como resultado disso, a pessoa acometida pelo ciúme pode desenvolver uma vigilância excessiva sobre seu parceiro, ultrapassar os limites da privacidade e criar um ambiente de tensão e desconfiança, o que torna, em muitos casos, o relacionamento insustentável.

A raiz do ciúme patológico normalmente está ligada a inseguranças profundas, baixa autoestima (onde todo mundo é mais interessante do que eu) e até traumas do passado. Experiências de abandono por exemplo, ou traições em relacionamentos anteriores podem desencadear essa condição. Em alguns casos, o ciúme patológico, pode estar associado a transtornos mentais, como depressão, transtornos de ansiedade, transtornos de personalidade ou até comorbidades advindas do abuso de substâncias químicas.

O primeiro passo para tratar o problema é o reconhecer que ele existe, para que então se possa procurar ajuda psicoterápica e explorar as causas subjacentes dos sentimentos envolvidos e aprender a lidar com eles de maneira mais saudável. Em casos mais graves, medicamentos podem ajudar a controlar a ansiedade e os pensamentos obsessivos. É essencial que o tratamento seja conduzido por profissionais da saúde mental, pois o ciúme patológico pode ter consequências sérias para o bem-estar psicológico da pessoa acometida por ele e dos seus relacionamentos.


   

  

menu
menu

Nós e os terceiros selecionados usamos cookies ou tecnologias similares para finalidades técnicas e, com seu consentimento, outras finalidades, conforme especificado na política de cookies.
Você poderá consentir o uso de tais tecnologias ao usar o botão “Aceitar”. Ao fechar este aviso, você continua sem aceitar.

SAIBA MAIS

Aceitar
Não Aceitar