CIDADES |
Mudanças nas diretrizes no rastreamento do câncer de colo de útero |
Ministério da Saúde recomenda a transição de substituição do exame Papanicolau pelo teste DNA |
Janeiro Verde é o momento de refletir sobre o câncer de colo de útero, a terceira neoplasia maligna mais incidente na população feminina com mais de 17 mil casos anuais e cerca de 6,5 mil mortes. A principal causa desse câncer é a infecção genital persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano (HPV). Atualmente, a principal forma de rastrear esse câncer é o exame conhecido como “Papanicolau”. Para combater esta neoplasia, com aumento do número de casos no Brasil e no mundo, o Ministério da Saúde recomendou no ano de 2024, mudanças no rastreamento, substituindo o exame Papanicolau pelo teste molecular de genotipagem de DNA-HPV.
As diretrizes nacionais de rastreamento do câncer de colo de útero passaram por processo de revisão no Ministério da Saúde, com consulta pública no final do ano passado, e a previsão de publicação é em fevereiro de 2025. O procedimento é semelhante ao Papanicolau, com a coleta de material do colo do útero durante o exame ginecológico. A diferença está em nível laboratorial. A genotipagem de DNA-HPV é feita de forma automatizada, não dependendo da interpretação humana, identificando a presença ou não do HPV e seu subtipo. São mais de 200 tipos de HPV, sendo que pelo menos 12 deles causam câncer.
O oncologista do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN) e integrante da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dr. Alvaro Machado, comenta sobre esta mudança no modelo de rastreamento. “É uma enorme evolução. Conseguimos identificar as mulheres que têm maior risco de desenvolver câncer do colo do útero e acompanhá-las de forma mais precisa e assertiva, assim como deixar as mulheres HPV negativo com consultas mais espaçadas”, analisa o oncologista do CTCAN.
O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, causado pelo HPV, é um vírus sexualmente transmissível. “O contágio pode ser reduzido com o uso de preservativos. Além do câncer do colo de útero, de vulva e de vagina, o HPV também causa câncer de pênis, de boca e de garganta. Ele também é responsável por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e pode causar verrugas e lesões em tecidos orais e genitais”, explica Machado.
Vacinação contra o HPV em dose única também é novidade
Outra novidade na prevenção do câncer de colo de útero, no último ano, foi a vacinação em dose única no SUS, substituindo a orientação anterior de duas aplicações, que perdurou por dez anos. O principal foco deste novo esquema de imunização é aumentar a adesão e ampliar a cobertura vacinal, especialmente para adolescentes, protegendo-os antes da exposição ao vírus. “A vacina contra o HPV é a forma mais eficaz de se proteger do HPV e prevenir o desenvolvimento deste câncer”, frisa o oncologista do CTCAN.
A vacina tetravalente está disponível no SUS para meninos e meninas de 9 a 19 anos, pessoas que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos com idade entre 9 e 45 anos, bem como vítimas de abuso sexual. Na rede privada, já está disponível a vacina nonavalente, com indicações semelhantes.