GERAL
O que está por trás da insegurança?
   
A insegurança pode esconder elementos mais profundos e enraizados

Por Franciane Foiatto Schuster, psicóloga
02/04/2024 13h31

Todos nós podemos sentir insegurança em algum momento da vida e em intensidades diferentes. O que separa, no entanto, uma insegurança funcional (que te prepara para a situação), de uma insegurança disfuncional é o sofrimento emocional e prejuízo em geral que te causa.

Ou seja, o nível de sofrimento e a paralisação de desejos e projetos diante da insegurança é o que vai predizer a necessidade de buscar ajuda para lidar com os prejuízos que a acompanham.

Muitas vezes, o sentimento e a postura de insegurança podem esconder elementos mais profundos e enraizados, como:

Baixa autoestima e incertezas

Você sente dificuldade em perceber ou acreditar no seu valor, entende que as conquistas que teve até hoje foram fruto do acaso ou da sorte e não tiveram relação com capacidade ou autoeficácia.

Uma pessoa com autoestima baixa sente que não tem valor no mundo, experimenta a sensação de impotência, é sensível à rejeição ou críticas e se sabota constantemente devido ao medo de falhar ou à sensação de que não é capaz.

Dificuldade de impor opinião e limites

Expressar-se e colocar seus limites, desejos e opiniões pode ser uma tarefa muito difícil para você, uma vez que a insegurança permeia também os relacionamentos interpessoais.

A dificuldade de colocar-se no mundo diante das outras pessoas pode estar relacionada com pensamentos do tipo “eu não posso desagradá-los”, “não vou ser aceito se discordar”, “não sou respeitado”, “serei abandonado se eu não atender as expectativas das pessoas”.

Invalidação dos próprios sentimentos e potencial

Invalidar-se é um fato que ocorre devido insegurança e baixa autoestima, mas que retroalimenta os mesmos. Algumas vezes, o ato de invalidar-se pode ser um reflexo do que o indivíduo vivenciou em sua infância, onde os pais (críticos e rígidos) exerceram um papel invalidante e o indivíduo agora faz consigo mesmo o que viveu anteriormente.

E por isso age sem acreditar no seu potencial e interpretando o seu sofrimento como algo supérfluo ou sem importância, deste modo tende a colocar-se em segundo plano e não se permite perceber o quanto o seu sofrimento também merece atenção.

Necessidade de evidências ou provas do amor do outro

A insegurança comumente também aparece nos relacionamentos amorosos e na interação com outras pessoas. Às vezes, a insegurança nos faz desejar provas constantes de que somos amados, de que o outro está feliz ao nosso lado, de que não seremos abandonados ou rejeitados.

Esta necessidade de provas pode tornar o relacionamento desgastante, porque por mais que o outro faça por nós, o medo do abandono ou a sensação de rejeição iminente parece nunca ter fim.

Pessoas que necessitam deste tipo de evidências constantes podem vivenciar ainda, relacionamentos de dependência e codependência afetiva, que além de não serem saudáveis, acabam fortalecendo ainda mais a insegurança.

Sensação de incapacidade

A insegurança relaciona-se com a sensação de incapacidade justamente pelo fato de que existe uma sensação forte de que nunca a pessoa será boa o suficiente, que nada do que faz traz resultados esperados ou que é inferior aos outros e não dará conta das situações sozinho.

A crença de incapacidade também tem relação com nossas vivências passadas e está altamente ligada a comportamentos de autossabotagem, onde você pode sentir que é necessário fugir de situações, porque em seu íntimo existe a crença de que não vale a pena tentar, porque não irá conseguir ou que não se sairá tão bem.

Dúvidas e falta de autonomia

Está ligada a um modo de vida onde você deixa que os outros falem, façam e decidam por você, seja pela crença de que a opinião do outro é melhor ou por outros aspectos comuns na insegurança.

Geralmente, pessoas que não vivenciam a autonomia na vida adulta foram impedidas de experienciá-la durante a infância, pela superproteção em sua criação, por exemplo.

Uma criança que foi privada de ter experiências, de explorar o mundo ou o adolescente que foi privada de resolver o que lhe cabe, acaba não desenvolvendo a autonomia e habilidades sociais para levar uma vida mais independente e tornar-se mais seguro e autoconfiante.

Perseguição ao perfeccionismo

Quando a insegurança “toma conta de nosso ser”, dificilmente interpretamos resultados como bons e, geralmente, acreditamos que todo o nosso trabalho ainda não está bom o suficiente, por mais que nos debrucemos em retrabalho.

O perfeccionismo está ligado também a outras interpretações disfuncionais, mas no caso da insegurança é fruto da sensação de que você não deu o seu melhor ou não alcançou o que melhor poderia ter alcançado.

A perseguição ao perfeccionismo é uma luta interminável, porque devido à insegurança você acha que nunca será bom o suficiente e acredita que deveria estar fazendo mais do que já faz. Além disso, a busca pela perfeição traz a ilusória sensação de controle da situação, sendo um irreal escape para a insegurança.

Indecisão

Se você é uma pessoa insegura, possivelmente pode enfrentar certa dificuldade em tomar decisões. A tomada de decisão envolve autoconhecimento, autonomia e coragem de decidir por si mesmo.

A insegurança pode te tornar dependente da opinião e validação de outras pessoas e criar bloqueios quanto a sua própria autoeficácia. Porém, quando se vive baseado na opinião dos outros, “paga-se” com a perda da própria autenticidade.

Autocobrança e autocríticas exageradas

Outros fatores por trás da insegurança são a autocobrança e a autocrítica, que surgem quando não conseguimos realizar o que pretendíamos ao longo da vida.

Podem estar associadas também a crenças desenvolvidas no decorrer da nossa história de vida, onde sentimos que não foi possível suprir as expectativas das pessoas (pais, professores, pessoas que nos relacionamos).

A autocobrança nos faz querer caminhar para o perfeccionismo, sendo nociva a nós mesmos, enquanto a autocrítica nos deixa cada vez mais longe da autocompaixão.

Medo de falhar e incerteza sobre si mesmo

O medo de falhar muitas vezes paralisa ou gera a esquiva da situação. No entanto, quanto mais você evita determinada situação pelo medo de falhar, mais ansiedade você gera.

Quem posterga tarefas e situações por esta questão, acaba deixando de lado muitas realizações que não serão alcançadas, porque a tendência neste caso é abandonar projetos e ideias pelo medo de falhar, sem nem ter começado.

A insegurança pode ser capaz de paralisar e de nos fazer desistir de objetivos importantes para nós, causando angústia e frustração por viver uma vida pautada em desistências, que intensificam ainda mais a sensação de que não será possível concretizar aquilo que almejamos.

A sua forma de insegurança possui como base as vivências que você experienciou até hoje, principalmente na infância. Ressignificar experiências passadas e desenvolver habilidades, autoestima e autonomia para trilhar o próprio caminho são elementos chave para uma vida mais assertiva e com menos inseguranças e a terapia pode te ajudar.

Se a sua insegurança tem causado prejuízo significativo na sua vida ou na qualidade dos seus relacionamentos, procure ajuda, ninguém precisa enfrentar as adversidades da vida sozinho.

Por Camila Fusco


   

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