CIDADES
Correios preveem poupar até R$ 4,2 bilhões ao ano em despesas
   
Ações incluem PDV, redução de agências, reformulação do plano de saúde e nova estrutura de cargos

Por ROS
29/12/2025 07h32

Os Correios preveem economizar até R$ 4,2 bilhões em despesas ao ano com a implementação do plano de reestruturação da companhia.

As ações incluem um novo PDV (programa de demissão voluntária) para desligar 15 mil empregados em 2026 e 2027, venda de imóveis, reformulação de cargos e salários e ajustes no plano de saúde da companhia, entre outras iniciativas.

Segundo pessoas a par das discussões, o impacto cheio das medidas será percebido só a partir de 2029. Antes disso, o impacto líquido será menor, mas crescerá gradualmente. Parte do ganho inicial será consumido por investimentos necessários para colocar as medidas em prática, como pagamento de incentivos concedidos no PDV e compensações ao plano de saúde.

A despesa anual dos Correios hoje gira em torno de R$ 23 bilhões, dos quais dois terços correspondem ao gasto com empregados.

O plano de reestruturação terá ao menos dois eixos de ajuste pelo lado dos gastos: estrutura e pessoal.

O primeiro envolve a revisão técnica de até mil unidades deficitárias, como agências, centros de tratamento e distribuição, a ser feita no segundo semestre de 2026. A conclusão desse trabalho levará à redução no número de imóveis, contratos e pessoas.

A empresa também pretende melhorar seu planejamento de rotas de entrega, para otimizar custos.

O segundo eixo inclui o PDV —cuja meta é desligar 10 mil funcionários no ano que vem e outros 5.000 em 2027—, ajustes técnicos no plano de saúde até junho de 2026 e um novo plano de cargos e salários, a ser implementado até dezembro do ano que vem.

Segundo interlocutores, o impacto das medidas de ajuste será gradual. Em 2026, a estatal já conseguirá poupar recursos com o enxugamento da estrutura, mas o ganho será praticamente anulado com os gastos do PDV.

Em 2027, a estimativa é que a implementação do plano resulte em uma economia líquida de aproximadamente R$ 2,9 bilhões, dos quais R$ 2,1 bilhões com as medidas de pessoal e R$ 800 milhões do enxugamento da estrutura.

Nos anos seguintes, o valor cresce até alcançar cerca de R$ 3,8 bilhões em 2028 e R$ 4,2 bilhões em 2029. Nesse intervalo, a economia com pessoal segue em R$ 2,1 bilhões, enquanto o impacto da redução de estrutura é calculado em R$ 1,7 bilhão em 2028 e R$ 2,1 bilhões em 2029.

A partir de 2030, o ganho total foi estimado em R$ 4,2 bilhões, atualizado pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

Prazos

O plano de reestruturação dos Correios é o pilar que fundamentou a decisão dos bancos de conceder um empréstimo de R$ 12 bilhões à companhia. A operação tem a garantia do Tesouro Nacional, que honrará os pagamentos em caso de inadimplência.

Diante da concessão do aval soberano, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) frisou, em diferentes ocasiões, que o plano da estatal precisaria ser sólido e entregar uma verdadeira transformação da empresa, que passa por grave crise financeira. O empréstimo é considerado uma espécie de ponte para a nova situação da empresa.

A proposta foi apresentada por um grupo de cinco bancos, formado por Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander. Os três primeiros vão emprestar R$ 3 bilhões cada, enquanto os dois últimos, R$ 1,5 bilhão cada.

Do valor total, R$ 10 bilhões serão liberados ainda este ano, e os outros R$ 2 bilhões, até o fim de janeiro de 2026. O custo da operação ficou em 115% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), dentro do teto de 120% estipulado pelo Tesouro para conceder a garantia soberana.

O prazo do contrato é de 15 anos, com os três primeiros anos de carência (período inicial em que a empresa não pagará prestações).

Inicialmente, o pleito dos Correios era um crédito de R$ 20 bilhões, montante considerado necessário para bancar o plano de reestruturação da empresa em 2025 e 2026.

Uma primeira proposta, que atendia integralmente ao valor de R$ 20 bilhões, foi apresentada por Banco do Brasil, Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil e Safra. No entanto, o Tesouro travou a contratação e rejeitou conceder a garantia soberana por considerar a taxa de juros proposta (136% do CDI) muito elevada. Segundo o Tesouro, o custo extra seria de quase R$ 5 bilhões ao longo do contrato.

Como o valor a ser contratado ficou menor, os Correios vão precisar de um novo crédito ou aporte do Tesouro em 2026, ano eleitoral. As informações são da Folha de S. Paulo.


   

  

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