CIDADES
A paz que buscamos está dentro de nós
   

Por Tribuna
30/06/2025 08h48

Todos os dias, ao acordarmos, somos lançados em meio a uma batalha silenciosa — não contra o mundo exterior, mas contra nós mesmos. Buscamos a paz, ansiamos por dias mais leves, por relações mais harmônicas, por um coração mais sereno. No entanto, nem sempre percebemos que grande parte da agitação está dentro de nós, alimentada por paixões desordenadas, egoísmo e orgulho.

As paixões, quando desenfreadas, tornam-se tempestades interiores. Desejamos o que não temos, invejamos o que é do outro, cobramos mais do que oferecemos. Muitas vezes, acreditamos que encontrar a paz é mudar tudo ao nosso redor, sem perceber que é a nossa transformação interior que abre caminho para o verdadeiro equilíbrio.

O egoísmo nos isola. Ele nos convence de que merecemos mais, que o mundo deve girar em torno dos nossos desejos, das nossas dores, das nossas vontades. E assim, afastamo-nos dos outros e de nós mesmos, porque esquecemos que a verdadeira paz floresce no dar, no compreender, no ceder e no servir.

O orgulho, por sua vez, ergue muros invisíveis. Não permite que reconheçamos nossos erros, que aceitemos ajuda, que perdoemos ou que peçamos perdão. Ele nos aprisiona em uma ilusão de superioridade que apenas aumenta nossa solidão. É impossível estar em paz enquanto lutamos para manter uma imagem falsa de perfeição.

A paz verdadeira não é ausência de problemas, mas presença de serenidade mesmo diante deles. Ela nasce quando aceitamos nossas imperfeições, quando nos abrimos à humildade e escolhemos crescer com cada queda. É preciso coragem para silenciar o orgulho e dar voz à consciência.

Buscar a paz exige disciplina emocional. É um exercício diário de vigilância sobre nossos pensamentos, intenções e reações. É escolher, a cada instante, não ser refém do impulso, da raiva, da crítica. É transformar o olhar, a palavra, o gesto — sempre em direção ao bem.

A estrada da paz interior é solitária, mas não no sentido do isolamento: é um caminho que só nós podemos trilhar por nós mesmos. Outros podem inspirar, aconselhar, acompanhar… mas a decisão de olhar para dentro e enfrentar nossos próprios monstros é exclusivamente nossa.

Não é fácil, mas é possível. A cada vez que dominamos um impulso, que perdoamos em vez de revidar, que calamos o orgulho para ouvir com humildade, damos um passo rumo à luz. A cada ato de amor, de compreensão, de renúncia, aproximamo-nos mais da paz que tanto buscamos.

A espiritualidade, seja qual for sua forma, pode ser uma bússola nesse caminho. Ela nos lembra que somos muito mais do que nossos desejos e conflitos. Somos seres em processo, em constante evolução, e estamos aqui para aprender a amar melhor — inclusive a nós mesmos.

No final das contas, a paz que procuramos no mundo é reflexo da paz que construímos dentro de nós. E essa construção começa no instante em que paramos de apontar para fora e começamos a olhar com honestidade para dentro, com coragem, fé e vontade de sermos melhores a cada dia.


   

  

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