CIDADES
Suicídio: precisamos falar sobre
   
Maioria dos casos são evitáveis se investirmos em conscientização

Por Redação, Tribuna Getuliense
19/11/2022 16h48

Embora seja bastante abordado o tema na atualidade, onde há um mês dedicado para debater sobre o assunto, o setembro amarelo, na hora em que as pessoas precisam de ajuda há mitos e preconceitos fazendo-as não buscarem a ajuda necessária.

A região do Alto Uruguai Gaúcho não é diferente. Em 2022, foram 27 casos de pessoas que tiraram a própria vida e 47 de lesão autoprovocada. Diante disso, o TG reproduz abaixo o texto da psicóloga Elaine Oliveira (CRP:06/182833) falando sobre o assunto.

 

Suicídio: precisamos falar sobre


Apesar de ter se falado cada vez mais sobre a temática, ainda existem muitos mitos e preconceitos, o que acaba fazendo com que muitas pessoas deixem de buscar ajuda.

Ao contrário do que muitos pensam, o pensamento de suicídio não surge de um dia para o outro. Ele é o resultado de uma soma de fatores que vão se acumulando e o sujeito passa a não enxergar possibilidades de sair daquele sofrimento intenso. O sofrimento se torna insuportável quando ele não é cuidado!

A tentativa de suicídio é um grito de socorro, que muitas vezes não é ouvido ou não é compreendido. É preciso que todos fiquem atentos aos sinais. O suicida grita por vida. O que ele precisa é ser ouvido com respeito e sem julgamentos. Ninguém quer morrer, ela quer apenas matar a dor que sente e se tornou insuportável. O caminho é sempre a compreensão. Cuidar da saúde mental é tão importante quanto a saúde física.

90% dos casos são evitáveis, ou seja, se investirmos em conscientização para a quebra de preconceitos, podemos evitar que muitas pessoas percam suas vidas por este meio.

Faz parte do processo da vida cair e chorar. O problema é quando a pessoa cai e não consegue se levantar ou não enxergar possibilidades disso acontecer.


 

Será que o mundo contemporâneo tem contribuído para o suicídio?


 

A obrigação de ser feliz a qualquer custo tem se tornado quase que uma obrigação. Quando a pessoa não se sente mais feliz, ela tem a sensação que não cabe mais nesse mundo. E as redes sociais têm um papel fundamental nisso. Cada vez mais as pessoas estão hiperconectadas, e claro, só postam sua melhor face ou criam uma muitas vezes. E para quem está assistindo a este espetáculo, muita das vezes não tem essa percepção realista de que nenhum ser humano consegue ser feliz o tempo todo. Todos nós temos problemas.


 

Por que será que cada vez mais tem aumentado o número de jovens adultos com idade entre 19 a 29 anos de idade a não enxergarem luz no fim do túnel? Não que exista uma causa ou uma justificativa para que a pessoa pense ou cometa suicídio. A questão é, o que tem levado jovens com uma vida inteira pela frente não enxergarem isso?


 

O suicídio envolve um sofrimento psíquico extremo, percebido como insuportável, em que a morte é vislumbrada como única solução para cessá-lo. Ainda existem muitos estereótipos acerca da saúde mental na nossa sociedade. A maioria das pessoas ainda tem muito o discurso de que psicólogo e/ou psiquiatra é coisa de gente doida. Isso se deve muito a falta de informação. O que agrava este cenário, pois diversos estudos já mostraram a grande relação entre transtornos mentais - principalmente os transtornos de humor, transtorno bipolar e transtornos por uso de substâncias (dependência química) - com o suicídio.

Vale ressaltar que ter um diagnostico de transtorno mental não leva obrigatoriamente a pessoa a ter pensamentos ou ideações suicidas, o que existe é uma predisposição maior.


 

E quais os sinais devemos ficar atentos?


 

  • Pessoa começar a falar sobre sumir ou morrer com frequência;
  • Afastamento social (2 a 4 semanas);
  • Perda de interesse em atividades que antes gostava de fazer;
  • Queda no nível de motivação e foco;
  • Falta de esperança frequente;
  • Mudanças bruscas de humor e hábitos;
  • Era extrovertido e começou a se isolar;
  • Era disciplinado e passou a ser rebelde;
  • Abuso de álcool e/ou drogas;
  • Sentimento de menos valia: sensação de valor próprio diminuído;
  • Se sentir inferior;
  • Um peso para as outras pessoas;
  • Se sentir inútil: “eu não devia ter nascido.”;
  • Adquirir meios de se ferir: armas de fogo, faca e remédios.

 

É fundamental que todos nós fiquemos atentos aos sinais de alerta.


 

E o que fazer quando perceber algum destes sinais?


 

Tente conversar com a pessoa, demonstrando interesse em ouvi-la e orientá-la a buscar ajuda de um profissional da saúde mental: psicólogo e/ou médico psiquiatra.

Procure ajuda, não tenha vergonha de seus sentimentos, sejam eles quais forem!


 

Onde procurar ajuda?


 

Centro de Valorização da Vida (CVV): telefone 188 / site;

Unidades Básicas de Saúde (UBS);

Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) mais próximos;

Emergência:

Corpo de Bombeiros: 193

SAMU: 192

Unidades de Pronto Atendimento (UPA)

Pronto-Socorro e Hospitais.

 

*

 

Ao todo, em 2022, foram 68 registros de lesões autoprovocadas e 33 suicídios na região do Alto Uruguai Gaúcho.

 

Atualizada no dia 22.04.2023


   

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