O Disque 100 registrou 4,4 milhões de violações de direitos humanos em todo o Brasil entre janeiro e 14 de dezembro de 2025. O balanço aponta que, apesar do alto volume de abusos, foram formalizadas 617.837 denúncias, o que demonstra que cada registro costuma reunir múltiplas violações contra uma mesma vítima. No total de atendimentos realizados pelos canais do serviço (telefone, WhatsApp, Telegram, chat e e-mail), o número ultrapassa 2,2 milhões até novembro.

Perfil das Vítimas: Crianças e Idosos

Os dados revelam que os grupos em situação de maior vulnerabilidade são os mais atingidos. No grupo de pessoas idosas, os maiores volumes de ocorrências envolvem as faixas de 70 a 74 anos (30.814), 80 a 84 anos (28.784) e 75 a 79 anos (28.038). Também foram registrados casos significativos entre idosos de 65 a 69 anos (23.850), 60 a 64 anos (22.796), 85 a 89 anos (18.533) e pessoas com 90 anos ou mais (14.313).

Entre crianças e adolescentes, os registros são expressivos em diversas idades:

• 7 anos: 18.747 casos

• 5 anos: 18.639 casos

• 10 anos: 18.412 casos

• 6 anos: 18.208 casos

• 12 anos: 17.935 casos

• Recém-nascidos (até 28 dias): 947 casos

• Bebês e crianças pequenas: registros incluem até 1 ano (10.197) e 1 ano completo (10.984).

Nos adultos, os volumes mais altos estão entre 30 e 44 anos, com destaque para a faixa de 30 a 34 anos (21.349). O perfil do agressor aponta para uma forte incidência de pessoas com vínculo próximo, como familiares ou pessoas que residem no mesmo imóvel da vítima.

Principais Violações e Ranking Territorial

A negligência contra a integridade da vítima lidera o ranking de violações com 632.657 registros. Na sequência aparecem:

• Exposição da integridade física a risco à saúde (515.864)

• Tortura psíquica (476.924)

• Maus-tratos físicos (366.682)

• Insubsistência afetiva (331.332)

• Constrangimento psíquico (245.861)

• Exposição psíquica a situações degradantes (229.046)

A distribuição territorial mostra maior concentração em estados populosos. São Paulo lidera com 167.546 denúncias, seguido por Rio de Janeiro (71.932), Minas Gerais (70.229), Rio Grande do Sul (34.772), Bahia (30.958), Paraná (26.098), Pernambuco (24.365) e Santa Catarina (23.561). Entre as capitais, os maiores volumes foram observados em São Paulo (47.167), Rio de Janeiro (26.724), Belo Horizonte (13.077) e Brasília (12.658).

Avanços no Atendimento

Em 2025, o serviço implementou uma nova central de atendimento após processo licitatório, com novo contrato iniciado em novembro. "A nova estrutura permitiu aumentar a capacidade de atendimento, reduzir filas e fortalecer a qualidade da escuta e dos encaminhamentos", afirmou Franciely Loyze, coordenadora geral do Disque 100.

O canal reforçou a acessibilidade com atendimento especializado por videochamada em Língua Brasileira de Sinais (Libras) para pessoas surdas. As denúncias podem ser feitas gratuitamente e de forma sigilosa pelo telefone 100 ou canais digitais.