CIDADES
Esquizofrenia infantil: quando o cuidado precisa começar cedo
   
Transtorno raro e grave na infância exige atenção aos sinais, diagnóstico preciso e apoio profissional e familiar contínuo

Por Katisley Souza Gonzatto, psicóloga e neuropsicóloga
10/07/2025 07h57

A esquizofrenia infantil é um transtorno mental raro e grave, que afeta o desenvolvimento emocional, cognitivo e social da criança. Diferente do que muitos pensam, não se trata de “imaginação fértil” ou “birra”, mas de uma condição neuropsiquiátrica complexa, que merece atenção, acolhimento e cuidado profissional.

Caracteriza-se por uma perda de contato com a realidade (psicose) que se manifesta antes dos 13 anos de idade. Embora compartilhe os mesmos critérios diagnósticos da esquizofrenia no adulto, apresenta particularidades relacionadas ao desenvolvimento infantil.

Entre os sinais de alerta, destacam-se alucinações — especialmente auditivas — em que a criança ouve vozes que outras pessoas não ouvem; delírios, como acreditar estar sendo perseguida; fala e pensamento desorganizados; comportamentos estranhos ou bizarros, como ficar parada olhando fixamente, rir sem motivo ou isolar-se; dificuldades escolares e regressão no desenvolvimento; embotamento afetivo, com pouco contato emocional com os outros; e alterações motoras que variam entre agitação intensa e catatonia (paralisação).

O diagnóstico precoce é desafiador, pois os sintomas podem ser confundidos com outros transtornos do neurodesenvolvimento, como autismo, TDAH ou até mesmo traumas psicológicos. Por isso, é essencial uma avaliação multidisciplinar que envolva psicólogo, psiquiatra e outros profissionais da saúde.

O psicólogo tem um papel central nesse processo. Ele realiza escuta clínica, observação comportamental e avaliações neuropsicológicas que investigam cognição, linguagem, afetividade e funcionalidade. Além disso, oferece suporte emocional à criança e à família, ajudando a desenvolver estratégias de regulação emocional, habilidades sociais e adaptação escolar.

O apoio familiar também é indispensável. É fundamental que a família esteja envolvida no tratamento, participe de ações de psicoeducação, tenha acesso a suporte psicológico e aprenda a lidar com os momentos de crise com segurança, empatia e equilíbrio.

A esquizofrenia infantil não é uma sentença de isolamento, mas um chamado à compreensão e ao cuidado. Quanto mais cedo ocorrerem o diagnóstico e a intervenção, maiores serão as chances de oferecer à criança uma vida com mais qualidade, segurança e vínculos afetivos saudáveis.

Katisley Souza Gonzatto
Psicóloga / Neuropsicóloga
CRP-07/11372


   

  

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