CIDADES
Aprovado na Comissão de Agricultura do Senado, PL da Securitização avança com apoio de mobilizações na região de Getúlio Vargas
   
Proposta permite renegociação de dívidas do setor agropecuário

Por Rádio Sideral
09/06/2025 08h12

A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado Federal aprovou, no dia 20 de maio, o Projeto de Lei nº 320/2025, que autoriza uma nova securitização das dívidas acumuladas dos produtores rurais. A proposta, de autoria do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), segue agora para análise da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

O projeto permite a conversão de dívidas em títulos lastreados pelo Tesouro Nacional, com limite global de até R$ 60 bilhões. Poderão ser incluídas operações de custeio, investimento e comercialização contratadas até 30 de junho de 2025. Cada produtor poderá renegociar até R$ 5 milhões, com carência de três anos e prazo de pagamento de até 20 anos.

O texto aprovado teve parecer favorável do senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que acrescentou uma emenda estendendo os benefícios da proposta às empresas cerealistas.

A proposta também estabelece uma linha de crédito com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), voltada à recuperação de solo e irrigação, com juros de até 5% ao ano.

Regras da proposta

  • Prazo de pagamento: até 20 anos

  • Carência: 3 anos

  • Taxa de juros: 1% ao ano (PRONAF), 2% (PRONAMP) e 3% (demais produtores)

  • Limite por CPF: R$ 5 milhões

  • Bonificação: 30% de desconto por parcela paga no prazo, até o limite de R$ 100 mil; 15% sobre o valor excedente

Repercussão em Getúlio Vargas

No dia 30 de maio, um ato público com produtores rurais, lideranças políticas e entidades do setor foi realizado no trevo de acesso a Getúlio Vargas. O senador Heinze esteve presente na mobilização, que contou com a participação de prefeitos, vereadores e sindicatos rurais da região.

Durante entrevista concedida à Rádio Sideral, Heinze destacou a importância da união regional:

“Estive em Getúlio Vargas, Pontão, Sarandi e Cochilha. O movimento é importante porque mostra que há problema real, que o agricultor não vai ceder e vai continuar pressionando. Aqui não tem esquerda ou direita: tem produtores que precisam de ajuda”, afirmou.

Segundo o parlamentar, o projeto é uma resposta à sequência de perdas climáticas que afetou os agricultores do Rio Grande do Sul nos últimos seis anos — quatro safras atingidas por seca e uma por excesso de chuvas.

Heinze também comentou que a pressão local já surtiu efeito político:

“No domingo anterior à mobilização, jornais de Brasília já repercutiam o que aconteceria no final de semana. A voz da região chegou ao Congresso”, afirmou.

Críticas à Resolução nº 5.220/2025

Na mesma entrevista, Heinze comentou a Resolução nº 5.220, publicada pelo Conselho Monetário Nacional em 29 de maio. A norma autoriza a prorrogação das parcelas do crédito rural, mas impõe limites que, segundo o senador, prejudicam parte significativa dos produtores gaúchos.

“A regra só vale integralmente para quem está no PRONAF e PRONAMP. Os demais só poderão renegociar até 8% da carteira de crédito com juros subsidiados. Isso é pouco diante da tragédia que vivemos no estado”, criticou.

Heinze também apontou contradições no texto, como a exigência de que pedidos de prorrogação sejam feitos antes do vencimento, mesmo para contratos já inadimplentes.

Próximas etapas e medidas estruturais

Além da tramitação do PL da Securitização, o senador informou que está em negociação com a Embrapa e cooperativas como a CCGL para a criação de linhas de crédito voltadas à correção de solo e irrigação, com foco na safra 2025/2026.

Outra demanda em construção é a criação de um fundo garantidor estadual, com aporte do governo do Rio Grande do Sul, para viabilizar financiamentos a produtores sem garantias formais.

“Alguns produtores terão dificuldade para acessar custeio até mesmo da safra de inverno, como trigo e canola. O fundo garantidor é essencial para que eles possam manter a produção”, concluiu Heinze.

O projeto de securitização ainda precisa ser aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos e, posteriormente, no plenário do Senado e da Câmara dos Deputados, antes de seguir para sanção presidencial. Enquanto isso, mobilizações regionais como a de Getúlio Vargas seguem sendo vistas como estratégicas para manter o tema na agenda política.


   

  

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