CIDADES |
Apicultura se consolida como atividade forte em Sertão, no norte do RS |
Com mais de três décadas de dedicação, apicultor Vilson Teixeira comanda agroindústria que hoje mantém 400 colmeias ativas e diversifica a produção com mel e própolis |
A produção de mel tem se destacado como uma importante atividade econômica e sustentável na região de Sertão, no norte do Rio Grande do Sul. Um dos principais exemplos é o trabalho desenvolvido pelo apicultor Vilson Teixeira, que há 35 anos atua no ramo, sendo um dos pioneiros da apicultura na cidade. A trajetória, iniciada com apenas quatro caixas comuns de abelhas, foi marcada por desafios, mas também por muito aperfeiçoamento técnico e crescimento.
A legalização da agroindústria veio em 2004, e desde então, seu Vilson incorporou novas tecnologias e passou a trabalhar com colmeias americanas, que oferecem maior rendimento e controle sanitário. Atualmente, a produção conta com cerca de 400 caixas distribuídas em apiários pela região, com uma média de 25 caixas por local. Ele realiza tanto a captura natural de enxames quanto a divisão artificial, garantindo a renovação constante do plantel.
Segundo Juliano Hashimoto, professor do curso de Zootecnia do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), a florada local, o tipo de solo e a espécie de abelha influenciam diretamente na cor, sabor e propriedades do mel. “O mel pode apresentar características antimicrobianas e antioxidantes, que variam conforme a planta de onde a abelha coleta o néctar”, explica o especialista.
A comercialização acontece em feiras da região, mercados locais em Sertão, na própria residência onde funciona a agroindústria e por meio de um representante em Passo Fundo. Além do mel, a família também comercializa própolis, com retirada média de 15 kg por ano, como forma de complementar a renda.
As condições climáticas têm sido um desafio nos últimos anos. De acordo com Vilson, as floradas têm sido escassas, o que impacta diretamente na produção. “Na safra passada colhemos 800 kg. Este ano, a expectativa é chegar a 1.000 kg. Em uma boa safra, o ideal seria atingir cerca de 3.000 kg”, relata. As abelhas se alimentam de espécies como eucalipto, unha de gato, timbó e floradas intermediárias das lavouras.
A colheita exige cuidados específicos: utiliza-se fumigador, macacão, luvas e botas. O mel é extraído dos favos quando estão com 70% operculados — ou seja, selados com cera. O produto é então centrifugado, decantado por 72 horas para separar as impurezas e, só depois, está pronto para ser embalado, garantindo qualidade e higiene.
Com dedicação, conhecimento técnico e respeito ao meio ambiente, o trabalho de Vilson Teixeira é um exemplo da força da apicultura familiar no interior gaúcho, unindo tradição, inovação e geração de renda.
Por Adenilson Silva Gois, estagiário, com supervisão da direção.
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |