CIDADES
Transplante de Medula Óssea (TMO):  como fazer parte dessa corrente de esperança e solidariedade
   
Brasil teve mais de 4 mil transplantes de medula óssea em 2023

Por Tribuna
25/04/2024 09h11

A medula óssea, também conhecida como tutano, é responsável pela produção de células sanguíneas essenciais para o funcionamento do nosso organismo. No entanto, essa produção pode ser comprometida por doenças ou condições genéticas, tornando necessário o transplante para restabelecer a saúde do paciente. Por exemplo, leucemias originárias das células da medula óssea, linfomas, doenças originadas do sistema imune em geral, dos gânglios e do baço, e anemias graves (adquiridas ou congênitas).

Segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RTB), no ano de 2023, ocorreram mais de 4 mil transplantes de medula óssea no Brasil, o que representa o terceiro maior tipo de transplante de tecido realizado, estando atrás dos transplantes de córnea (1º lugar) e ossos (2º lugar). Essas estatísticas são analisadas de forma separada em relação aos transplantes de órgãos como rim, fígado, coração, entre outros. O Rio Grande do Sul foi o 5º estado responsável pelo maior número de doadores de medula do país (300 doadores).

O primeiro desafio para efetivar o transplante de medula é encontrar um doador compatível. Para muitos pacientes essa busca pode ser uma verdadeira corrida contra o tempo, já que a compatibilidade entre doador e receptor é determinante para o sucesso do procedimento. Felizmente, milhares de pessoas em todo o mundo estão registradas como doadoras de medula óssea, oferecendo uma nova chance de vida para aqueles que precisam. 

A doação de medula óssea pode ser aparentada (entre familiares) ou não aparentada. No primeiro caso, o doador geralmente é um irmão ou um dos pais, e há cerca de 25% de chances de encontrar um doador compatível na família. Caso não tenha compatibilidade na família, as informações do paciente são incluídas no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (REREME) e, diariamente, ocorre a busca cruzada com o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). 

O Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME), é uma base de dados de pessoas dispostas a doar suas células-tronco hematopoéticas para pacientes que precisam de um transplante. É o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo, gerenciado pelo Ministério da Saúde e atualmente conta com mais de 5,5 milhões de doadores cadastrados A estimativa é que a cada ano sejam incluídos mais de 125 mil novos doadores no cadastro do REDOME.

Para se cadastrar como doador de medula óssea é necessário:

- ter entre 18 e 35 anos de idade (O doador permanece no cadastro até 60 anos e pode realizar a doação até esta idade);
- um documento de identificação oficial com foto;
- estar em bom estado geral de saúde;
- não ter nenhuma doença impeditiva para cadastro e doação de medula óssea, por exemplo hepatite, câncer, doenças autoimune.

O cadastro no REDOME pode ser feito em centros de saúde autorizados em todo o Brasil, como o Hemopasso em Passo Fundo, RS. O doador deve apresentar a identidade, assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para Cadastramento no REDOME e coletar uma amostra de 05 mL de sangue para realização de testes de tipagem, semelhante a coleta de exame de sangue de rotina. Todo esse processo é gratuito.

Ao se cadastrar você será incluído na lista de potenciais doadores. Quando um paciente precisa de um transplante de medula óssea, os profissionais de saúde responsáveis pela busca irão consultar o sistema em busca de doadores compatíveis. Uma vez que um doador compatível é encontrado, ele será convidado a realizar a doação.

Existem duas formas principais de doação de medula óssea: a doação por aférese e a doação por punção. Na doação por aférese, o doador recebe uma medicação para aumentar a produção de células-tronco em sua corrente sanguínea e, em seguida, uma máquina é usada para coletar as células-tronco do sangue. Na doação por punção, as células-tronco são retiradas diretamente da medula óssea do doador, geralmente por meio de uma punção na região da bacia.

É importante destacar que o processo de doação é seguro, anônimo e realizado sob supervisão especializada. Após a doação, as células-tronco do doador são transplantadas para o paciente receptor, onde têm o potencial de regenerar e repovoar a medula óssea, restaurando assim a produção saudável de células sanguíneas, devolvendo vida e esperança para o receptor.

Recentemente, Fabiana Justus, filha do empresário Roberto Justus, recebeu um transplante de medula óssea de um doador anônimo para o tratamento de leucemia (uma forma de câncer das células do sangue que torna o organismo do infermo suscetível a infecções). A influenciadora postou várias mensagens de agradecimento em suas redes sociais e encorajando novos doadores: “[...] A vitória chega. Precisamos realmente acreditar. E comemorar cada uma das pequenas ou grandes etapas vencidas. [...]”

Artigo elaborado por Cristiane Barelli (farmacêutica-bioquímica, professora da Escola de Medicina/UPF), Nathália Giareta Serena (acadêmica de Enfermagem da UPF) e Lucas Gabriel Mensch da Luz (acadêmico de Medicina da UPF).
 


   

  

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