CIDADES
Distimia: a depressão velada
   
É preciso que fiquemos atentos ao que sentimos

Por Cristiane Grumann Serafini, psicóloga
17/11/2023 09h41

A Depressão é um transtorno comum e reconhecida por se tratar de uma doença de alta prevalência. Conforme números da OMS, existem no mundo aproximadamente 300 milhões de pessoas que são acometidas por algum grau de depressão. Esses números refletem um sério problema de saúde pública, que interfere diretamente na qualidade de vida das pessoas e que merece atenção especial de todos órgãos de saúde.

Contudo, a depressão ainda é uma doença carregada de estigmas, preconceitos e dependendo da cultura na qual o sujeito está inserido, entendida apenas como tristeza, desânimo ou pessimismo. Faltam informações, recursos, profissionais habilitados para diagnóstico e tratamento, mas principalmente o reconhecimento de que é de fato uma doença e como tal deve ser tratada.

Entretanto, dentre os vários tipos e níveis de depressão existe uma, a Distimia  ou Transtorno Distímico, que acomete uma população enorme de brasileiros. De acordo com a ABRATA (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos), só no Brasil existem de 5 a 11 milhões de pessoas que sofrem desse mal. Por não se manifestar de forma abrupta e representar uma intensidade menor do que de um Transtorno Depressivo clássico, a Distimia pode ficar mascarada atrás de comportamentos adaptáveis para o sujeito e que vão se incorporando a maneira de ser da pessoa que não entende o que sente e como esses sintomas aparecem.

Para diagnosticar a Distimia é preciso que alguns sintomas já estejam presentes há dois anos ou mais e sem alterações de humor significativas nesse período. Em muitos casos é tida como uma doença crônica, onde o sujeito apresenta irritabilidade e mal humor constantes, falta de energia e esperança, sensações de não ser bom o suficiente nas diversas áreas da vida e consequentemente uma baixa autoestima.

Dentro desse contexto, podemos afirmar que em muitos casos a distimia não é olhada como uma doença e vista com a devida atenção. Assim, tanto a pessoa, como seus familiares acabam por enxergar os sintomas como parte da sua personalidade e, portanto, não procuram e não acreditam que exista um diagnóstico, um tratamento e possivelmente uma cura. Esse cenário faz com que a convivência do distímico com seus entes queridos seja um grande desafio, pois sua postura deprimida, facilmente irritável e negativa pode afastar as pessoas e trazer prejuízos reais a sua vida como um todo, inclusive no âmbito acadêmico e profissional.

Por se tratar de um distúrbio mental crônico e, portanto, um desequilíbrio emocional duradouro, pode ter seu início ainda na infância e não ser percebida facilmente.

É preciso que fiquemos atentos ao que sentimos para não normalizar a falta de ânimo diante da vida. Dias difíceis existem, mas não sentir prazer em quase nada, não ter motivação e energia para lidar com questões simples da vida, não conseguir perceber em si sentimentos bons e alegres em boa parte do tempo e ouvir queixas frequentes sobre nosso humor de quem convive conosco, pode indicar que algo realmente não está bem e precisa ser olhado.

Prestemos atenção ao nosso bem estar e a importância de estarmos bem.


   

  

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