Setor leiteiro do Sul pede socorro diante de superoferta e importações
Darlan Palharini, destaca que Crise ameaça pequenos produtores: sem insumos, muitos podem abandonar a atividade leiteira.

Por Gisele Flores
19/11/2025 07h20

O setor leiteiro da Região Sul do Brasil vive um dos momentos mais delicados da última década. Com a produção em alta e o mercado interno pressionado pela entrada de produtos importados, produtores e entidades representativas alertam para o risco de desestruturação da cadeia produtiva.

Durante reunião da Aliança Láctea, realizada em Florianópolis (SC), lideranças do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul reforçaram o pedido de apoio ao governo federal. O secretário executivo do Sindilat/RS, Darlan Palharini, destacou que a produção gaúcha cresceu 12% em 2025, enquanto Santa Catarina e Paraná registraram aumento médio de 7%. “Temos que unificar o discurso e pedir para o governo adotar uma política de apoio ao segmento leiteiro. Seguimos lutando por isso. Temos uma superoferta de leite. Só no RS, temos um aumento de 12% neste ano. Precisamos de apoio para manter o setor produtivo e sustentável”, afirmou.

Produção nacional segundo o Anuário Leite 2025

De acordo com o Anuário Leite 2025 da Embrapa Gado de Leite, o Brasil produziu 25,37 bilhões de litros em 2024, um crescimento de 2,38% em relação ao ano anterior.

  • Minas Gerais segue como maior produtor, responsável por cerca de 27% da produção nacional.
  • Paraná e Rio Grande do Sul aparecem logo em seguida, confirmando a força da Região Sul na cadeia leiteira.
  • O estudo também aponta que a produção está cada vez mais concentrada em médios e grandes rebanhos, mas no Sul ainda predomina o modelo de pequenas propriedades familiares, mais vulneráveis às oscilações de mercado.

Medidas pleiteadas pelo setor

  • Compra pública: aquisição de 100 mil toneladas de leite em pó pelo governo federal para programas sociais e alimentação escolar.
  • Controle de importações: revisão das licenças de importação de leite em pó e queijo, hoje automáticas, para limitar a entrada de importados.
  • Política setorial: criação de uma agenda nacional de apoio ao leite, assegurando competitividade frente às importações.

Pressão das importações

De janeiro a setembro de 2025, as importações de leite em pó ultrapassaram 133 mil toneladas, principalmente da Argentina e do Uruguai, segundo dados da CNA. A entidade acionou o governo para investigar práticas de dumping, alegando que os preços praticados pelos países vizinhos prejudicam o mercado nacional.

Impacto nos produtores

O excesso de oferta e a concorrência externa têm reduzido o preço pago ao produtor, gerando insegurança e desestímulo. Muitos pequenos produtores relatam dificuldades para cobrir custos básicos de produção, como ração e energia. O risco é de fechamento de propriedades familiares, especialmente no interior do RS, onde o leite é a principal fonte de renda.

Significado da mobilização

A reunião em Florianópolis simboliza a tentativa de construir uma agenda unificada para pressionar o governo federal. A meta é equilibrar o mercado interno, proteger os produtores e assegurar que o leite brasileiro continue competitivo. Sem medidas rápidas, o setor alerta para o risco d(por Gisele Flores)

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