O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), instituição da Secretaria da Cultura (Sedac), reabriu suas portas ao público na última sexta-feira (6), após sete meses fechado em decorrência da enchente de maio. A reabertura, que contou com as presenças do governador Eduardo Leite, da titular da Secretaria da Cultura (Sedac), Beatriz Araujo, e do presidente do Banrisul, Fernando Lemos, foi marcada pela solenidade inaugural da exposição: Post scriptum – Um museu como memória.
Para reabrir as portas após a enchente, o Margs iniciou um plano abrangente de recuperação. O Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) aportou R$ 5,6 milhões, por meio do programa de patrocínios da instituição. Também foram aplicados R$ 1,6 milhão do Fundo da Defesa Civil, além de recursos do orçamento da Sedac e de doações da sociedade.
“Nós, gaúchos, temos como característica muito forte a valorização do que somos como povo. Por isso, não existe nada mais marcante do que as nossas manifestações culturais, que precisam ser preservadas, guardadas e organizadas, para contar a nossa história em nossos equipamentos culturais, e muito especialmente no Margs. Quero agradecer muito à equipe da Secretaria da Cultura e do Margs pelo esforço para reabrir o museu depois do impacto tão grande que a enchente trouxe a este espaço”, disse o governador.
“Meu muito obrigado a todos que tomaram conta do acervo, que vieram para cá tantas vezes, até de barco, para resgatá-lo, cuidaram e trataram tudo com todo carinho e todo zelo. Sou muito orgulhoso e muito feliz de ser governador de um Estado que tem o valor dessa gente que está aqui hoje", acrescentou.
Obras incluíram requalificação do acesso ao museu - Foto: Maurício Tonetto/Secom
Além do restauro de obras do acervo do Margs, os recursos foram aplicados no conserto da subestação de energia, do sistema de climatização e na adequação do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI). Também foram realizadas obras de requalificação do acesso ao museu, o restabelecimento dos sistemas do alarme de incêndio, das câmeras de segurança e da rede lógica, além da reposição de equipamentos e mobiliários atingidos.
“Foram sete meses de um intenso trabalho de resiliência e reconstrução para que conseguíssemos chegar ao fim de 2024 com o Margs em pleno funcionamento, e isso é uma conquista para toda a sociedade gaúcha”, comemorou Beatriz.
A criação de uma nova reserva técnica, em andares superiores, está em andamento, com o objetivo de garantir melhores condições de preservação do acervo. A instituição também busca patrocínios via lei federal de incentivo à cultura para seu Plano Bianual 2025-2026. Autorizada a captar R$ 8,6 milhões pela Lei Rouanet, a instituição vai dar continuidade às ações de restauro e modernização.
Sobre a exposição Post scriptum – Um museu como memória
Aberta ao público até 9 de março, a mostra tem entrada gratuita. A programação inclui visitas mediadas e atividades educativas que aprofundam o debate sobre memória e preservação cultural.
A mostra, que ocupa todo o primeiro andar expositivo do museu, foi concebida para narrar o impacto do evento climático no Margs, ao mesmo tempo em que celebra a resiliência da instituição. Com mais de 100 obras de artistas como Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi, Alberto da Veiga Guignard, Glauco Rodrigues, Pedro Weingärtner, a exposição conecta acervo e memória, apresentando também itens afetados pela enchente que já foram restaurados.
Leite e Beatriz conferiram detalhes da recuperação do espaço - Foto: Maurício Tonetto/Secom
“Post scriptum é um testemunho da força da cultura em tempos de adversidade. Não é apenas uma exposição sobre a enchente, mas uma reflexão sobre o papel dos museus como guardiões da memória coletiva”, destacou Beatriz.
Responsável pela concepção da mostra e por liderar as obras do museu, o diretor-curador Francisco Dalcol destacou o esforço conjunto do Estado e da sociedade civil para que a instituição voltasse a receber visitantes. “Para conseguirmos superar os desafios, cada contribuição foi importante: a equipe do Margs, os colaboradores e os voluntários que auxiliaram no momento de crise, os gestores públicos e as iniciativas da sociedade civil que vêm apoiando a recuperação do museu”, disse.
Dividida em cinco seções temáticas, Post scriptum propõe um diálogo entre passado e presente. As seções da mostra abordam, por exemplo, o impacto das cheias históricas em Porto Alegre e o processo de restauro das obras atingidas. Uma das áreas mais impactantes da exposição, segundo Dalcol, é o Laboratório de Restauração, onde o público pode acompanhar os trabalhos realizados por especialistas diretamente no espaço expositivo.
“Esta exposição foi pensada para compartilhar e trazer a público a jornada enfrentada pelo museu no maior desastre natural da história do Rio Grande do Sul. Isso reflete o compromisso do Margs com a memória, aprofundando-o quando o próprio museu é parte da circunstância histórica e de suas consequências”, concluiu Dalcol.
O público poderá visitar o museu gratuitamente de terça a domingo, das 10h às 19h (último acesso às 18h).